Por: Luiz Fernando Ramos Aguiar
A nata da elegância e sofisticação progressista brasileira se esmera na missão de classificar qualquer integrante de dissidência intelectual ou política como o pior tipo de ser humano que respira sobre a terra. Não importa se os chamados conservadores de direita sejam, em sua maioria, idosos e trabalhadores armados apenas com bíblias e bandeiras nacionais.
Mesmo diante da óbvia incoerência, jornalistas, filósofos e artistas da elite falante tupiniquim espalham as narrativas mais absurdas e violentas, nas quais a Bíblia é tratada como um manual de ódio e preconceito, e a defesa da liberdade de expressão é rotulada como discurso de ódio.
O truque é que as acusações, ameaças e agressões da esquerda são sempre revestidas por uma linguagem pomposa, “limpinha” e sofisticada. Defendem a censura e o extermínio intelectual de toda uma parcela da população e, quando alguém reage com indignação ou linguagem vulgar, colocam-se como vítimas ultrajadas dos odiosos integrantes da “extrema-direita”.
Nem mesmo os fatos se impõem à possessão ideológica. Não importa se o preço a ser pago é a destruição da vida de uma pessoa inocente, tudo se justifica em nome de um único objetivo: eliminar qualquer força política que represente um obstáculo aos seus planos de poder. Para obter sucesso em seus intentos nenhuma regra ética, moral ou profissional precisa ser respeitada o mais importante é empurrar o rolo compressor sobre os conservadores de direita que, para eles, são o mal encarnado. O que justificaria qualquer ação, afinal é para salvar a democracia.
Um exemplo evidente dessa estratégia foi a reportagem do jornalista Guilherme Amado, publicada no Metrópoles, na qual ele afirmava que, após uma investigação, teria obtido informações de que Felipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, havia viajado para os Estados Unidos. A suposta viagem foi utilizada como justificativa para a decretação da prisão preventiva de Felipe Martins, que permaneceu encarcerado por cerca de seis meses.
De acordo com matéria de Amado, ele teria obtido as informações ao ter acesso ao formulário I-94, que é um registro de entrada e saída dos EUA, emitido pelo Customs and Border Protection (CBP). O problema é que para este tipo de documento ter alguma validade seria preciso que tivesse sido obtido de forma legal, por meio de cooperação judicial ou, no mínimo, fosse autenticado pela CBP. Mas o documento foi obtido sem autorização, fora dos canais oficiais, o que não garantia a legitimidade das informações. Contudo, a matéria não trazia nenhuma dessas ressalvas, inclusive o jornalista escreveu:
“Os advogados teriam demonstrado à PGR que Filipe Martins não viajou para os Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022. Não é o que diz, porém, o governo americano.”
Ou seja, em vez de agir com honestidade e reconhecer que possuía apenas indícios de que o ex-assessor teria realmente viajado aos Estados Unidos, o jornalista “profissional”, não expõe os fatos de maneira clara. Ao contrário, afirma à sua audiência que o alvo de sua matéria estava mentindo, “de acordo com informações do governo americano”, mesmo que sua fonte jamais tenha sido verificada.
O prejuízo causado não foi suficiente para que o jornalista reconhecesse seu erro. Nenhuma nota, nenhum pedido de desculpas. Ele segue afirmando que apenas cumpriu o seu papel — mesmo diante das evidências claras de que realizou um trabalho jornalístico, no mínimo, porco e descuidado.
Mesmo com o reconhecimento público de que sua matéria foi fundamental para a prisão de Felipe Martins, em recente entrevista o “amado” jornalista afirmou que a prisão teria sido baseada em outras provas, supostamente em posse do STF.
O que mais impressiona na conduta de Amado é o fato de ele ser diretor de uma ONG chamada Redes Cordiais, cuja missão declarada é “contribuir para a construção de espaços públicos digitais mais saudáveis e transformar atores do ecossistema digital para que possam atuar de modo mais responsável no ambiente online”.
No entanto, a cordialidade que sua instituição prega não se reflete em sua atuação jornalística, que parece estar muito mais voltada à destruição de adversários ideológicos do que à apuração responsável dos fatos.
Mas as forças progressistas brasileiras não expressam seu “amor” a verdade apenas pela exposição de fatos duvidosos e reportagens enviesadas. Muitos expoentes da intelectualidade esquerdista não tem nenhuma objeção a propagar violência e intolerância em nome da democracia, e talvez este seja o tipo de discurso mais amado por eles.
Uma performance clássica desse tipo de atuação foi do pesquisador, historiador, sociólogo, político e professor universitário, filiado ao Partido Comunista Brasileiro Mauro Luís Iasi, que durante o 2º Congresso Nacional da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular Conlutas), citou em discurso o poema de Bertold Brecht,1 ao falar sobre como sua audiência deveria dialogar com as pessoas de direita, a delicadeza e sutiliza dos versos falam por si:
“Agora escuta: sabemos que és nosso inimigo. Por isso vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos e boas qualidades vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te com uma boa pá na boa terra.”
Outra fala que ganhou notoriedade teve como fonte a filósofa, artista plástica, professora, escritora e política filiada ao Partido dos Trabalhadores, Márcia Tiburi, que, durante uma entrevista, declarou ser a favor do assalto.
De acordo com ela, existiria uma “lógica” no ato de assaltar, já que a pessoa não teria algo de que precisaria e, contaminada pelo capitalismo, dentro desse contexto injusto, muitas violências seriam justificáveis. Para Tiburi, algumas formas de violência poderiam ser até lógicas, revolucionárias e corretivas. (Confira no link: https://www.youtube.com/watch?v=wuhvVi1jAyc)
A entrevista foi concedida à TV Brasil em dezembro de 2015. Aparentemente, as declarações não repercutiram bem nem entre seus próprios admiradores, já que, em junho de 2018, ela publicou um artigo na Revista Cult tentando explicar o inexplicável.2
Mas o amor a diversidade e a tolerância as diferenças não se resume aos discursos políticos ou as obras filosóficas, a cordialidade odiosa se expande inclusive através da poesia. Um texto que ficou famoso em diversas publicações em vídeos nas redes sociais foi o poema da escritora, cantora e compositora Tatiana Nascimento, Apocalipse Queer ou Cuíer A.P. (ou oriki de Shiva). O texto é aberto com a frase impactante: “nós vamos destruir tudo que você ama”. E segue distorcendo de forma impiedosa todos os valores mais importantes para as pessoas de direita e conservadoras. Mas não com argumentos, mas com a inversão total. Sem justificativas, apenas um ataque proposital, agressivo e injustificado. Seguem algumas pérolas do poema:
“porque c chama “amor à pátria
o que é racismo
c chama “amor a deus“
o que é fundamentalismo
c chama “amor pela família”
o que é sexismo homofóbico y
c chama transfobia de “amor à natureza”
c chama de “amor pela segurança”
o que é militarismo…
…essa sua ideia de “civilização” é
assassinato, é genocídio,
quer matar tudo…” 3
Não bastasse a agressão ideológica, o poema é uma violência à própria poesia, com o lirismo de um arroto. Tatiana Nascimento nos brinda com uma das composições mais desnecessárias, previsíveis e indesculpáveis já escritas em nossa língua. Com a sutileza de uma britadeira, sua leitura desperta no leitor o desejo por um tratamento de canal sem anestesia, uma opção menos dolorosa do que submeter a mente aos registros gráficos da autora.
Esses exemplos revelam o modus operandi da intelectualidade esquerdista. Professam abertamente o desprezo e o ódio por qualquer pessoa ou ideia que não estejam em sintonia com seus valores e crenças. Como precisam sempre sinalizar virtudes, mesmo que as desprezem de forma absoluta, disfarçam sua violência e intolerância através dos mais diversos subterfúgios. Pode ser por meio de uma reportagem com informações duvidosas ou não verificadas, pela utilização de metáforas, críticas sociais ou mesmo de poesia. Mas a mensagem principal está sempre presente: não permitiremos a existência da direita ou do conservadorismo.
Para não chocar o público, em geral utilizam uma linguagem pacífica, cheia de chavões e clichês como tolerância, diversidade, liberdade e democracia. Suas ONGs recebem nomes encantadores, como as Redes Cordiais do nosso “Amado”. Contudo, nenhum desses conceitos ou indulgências se aplica aos seus adversários políticos, que são invariavelmente descritos como perigosos e extremistas, rotulados de fascistas, nazistas ou qualquer outro termo conveniente à desumanização. Afinal, contra monstros vale qualquer estratégia.
O caso da reportagem de Guilherme Amado foi desmascarado por uma nota do governo americano, que deixou claro que o formulário I-94 utilizado pelo jornalista era falso. Mas quantas matérias, poemas, livros, discursos ou decisões judiciais já foram produzidos sob as mesmas circunstâncias?
Sobreviver ao bombardeio ideológico e cultural da esquerda depende de que o outro lado desenvolva seu próprio arsenal, criando um ecossistema de influenciadores, jornalistas, escritores e veículos de comunicação capazes de se contrapor às narrativas hegemônicas e enfrentar os meios mainstream. Nesse campo, não podemos adotar a linguagem do inimigo; precisamos construir nossa própria estratégia de comunicação e cultura, uma estratégia comprometida com a busca da verdade.
Nenhuma firula retórica pode se contrapor à força da realidade.
REFERÊNCIAS
1Um paredão, uma boa pá e uma boa cova, Líder petista fala em discurso. – https://www.youtube.com/watch?v=t6k_JRqJnHI
2A Lógica do Assalto – https://revistacult.uol.com.br/home/logica-do-assalto/
34 POEMAS DE TATIANA NASCIMENTO –

