Por: Luiz Fernando Ramos Aguiar

Em uma ação que realmente pode trazer avanços no enfrentamento do crime organizado, a Polícia Civil de Santa Catarina, por meio de uma operação capitaneada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO/DEIC), executou, nesta quinta-feira (28), 218 ordens judiciais, incluindo busca e apreensão, bloqueio de contas bancárias e ativos financeiros, sequestro de bens e quebra dos sigilos bancário e fiscal. No decorrer da operação, duas prisões em flagrante foram realizadas na região da Grande Florianópolis. Um dos detidos é apontado como uma liderança importante de uma facção criminosa.

Entre as medidas que podem impactar de maneira mais contundente a facção criminosa, estão ações cautelares autorizadas pela Justiça. Como resultado, conseguiu-se o bloqueio de contas e ativos financeiros pertencentes a 60 investigados, resultando em um total de aproximadamente R$ 1,16 bilhão.

As investigações que deram origem a esta operação foram iniciadas no ano de 2023. Na época, integrantes da DRACO/DEIC e do CORE prenderam, em Santa Catarina, seis pistoleiros oriundos do Mato Grosso do Sul. No momento da prisão, os suspeitos estavam de posse de armas de fogo, munição, drogas do tipo skunk e outros materiais relacionados a atividades criminosas.

No desenrolar das investigações, apurou-se que um dos principais comandantes do tráfico na região fornecia grandes quantidades de drogas e armas para uma organização criminosa atuante em Santa Catarina. Também foi identificada umaampla movimentação financeirado grupo, que possui ramificações nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

O grande volume de movimentações financeiras conectadas ao tráfico de drogas e armas chamou a atenção das autoridades. Em apenas um ano, um dos investigados, mesmo estando preso, movimentou cerca de R$ 9 milhões em sua conta bancária.

A Vara de Garantias da Região Metropolitana da Comarca da Capital, com parecer favorável da 39ª Promotoria de Justiça, também determinou o sequestro de 9 veículos de luxo e 3 jet skis.

O sucesso da operação pode ser explicado pela integração de diversas forças policiais, já que houve a participação de várias delegacias da Polícia Civil de Santa Catarina, incluindo DEIC, DPGF, DPOL, DPOI, CORE e NOC. Além da participação de diversas unidades do estado, o apoio de corporações de outras unidades federativas foi fundamental, como as polícias civis dos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo,Mato Grosso do Sul e Tocantins. O governo federal também deu suporte à operação por meio daRede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento às Organizações Criminosas (RENORCRIM), coordenada pela Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A operação realizada em Santa Catarina é uma sinalização de um caminho viável e efetivopara o enfrentamento e controle do crime organizado. Com o compartilhamento de informações entre as diversas unidades e forças policiais, o suporte do governo federal e o apoio da Justiça, foi possível ao Estado impor um prejuízo significativo à organização criminosa. Ao invés de gastar tempo inventando técnicas e estratégias mirabolantes para o problema do crime organizado, nossas autoridades políticas deviam voltar sua atenção para ações que apresentam resultados efetivos, despolitizando a discussão sobre o tema e ampliando operações que possam golpear as organizações criminosas em seu ponto mais frágil, o bolso.

Com informações da ASCOM | PCSC