POR: Luiz Fernando Ramos Aguiar

Na manhã de terça-feira (5), a Interpol elegeu Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal (PF) do Brasil, como seu novo secretário-geral. Aos 43 anos, Urquiza é o primeiro brasileiro a assumir o cargo mais alto da maior organização policial internacional, com sede na França. Ele tomará posse oficialmente na próxima quinta-feira (7), assumindo um mandato de cinco anos que se estenderá até 2029.

A eleição, ocorrida durante a 92ª Assembleia Geral da Interpol em Glasgow, Reino Unido, contou com a participação de cerca de mil representantes de 150 países. Entre eles estavam o ministro da Justiça do Brasil, Ricardo Lewandowski, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, além de secretários de segurança e chefes de polícia.

Ministro da Justiça do Brasil, Ricardo Lewandowski

Para Urquiza, a liderança da Interpol representa uma oportunidade de modernizar a organização, que reúne 196 países-membros. “A Interpol não interfere nas operações das polícias locais, mas atua como um suporte internacional. Meu compromisso é tornar a organização mais eficiente e acessível aos países-membros”, afirmou. Ele destacou que essa modernização beneficiará o combate ao crime organizado internacional, com ganhos na rapidez e integração das investigações em todas as nações participantes.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, principalmente pelas informações que são propagadas pela grande mídia, a Interpol não é uma polícia internacional ou uma polícia do mundo. A instituição é uma Organização não Governamental que congrega centenas de nações com o objetivo de compartilhar informações que podem ser utilizadas para auxiliar na captura de criminosos e no combate ao crime organizado.

Nascido em São Luís, Maranhão, Urquiza entrou na PF em 2004 e já possui vasta experiência internacional. Desde 2015, trabalhou diretamente com a Interpol, primeiro no escritório nacional, em Brasília, e depois na sede, onde atuou como diretor-adjunto para comunidades vulneráveis. Sua trajetória na organização o conduziu ao posto de vice-presidente das Américas no Comitê Executivo da Interpol.

A escolha de Urquiza foi amplamente elogiada pelas autoridades brasileiras, que veem sua nomeação como um marco para a segurança pública do país. “É um grande orgulho para o Brasil e um reconhecimento do profissionalismo da nossa polícia”, declarou o ministro Lewandowski, em entrevista à GloboNews. Andrei Rodrigues destacou ainda que a conquista de Urquiza é “fruto de grande dedicação e da retomada da PF no cenário internacional.”

Uma das hipóteses levantadas pela mídia tradicional após a eleição do brasileiro era sobre o tratamento que seria dispensado aos brasileiros incluídos no alerta vermelho de procurados da Interpol. O novo secretário geral deixou claro que a instituição não tem qualquer ingerência sobre as forças policiais locais.

“A Interpol, como organismo internacional, respeita a soberania de cada um dos países membros, então, ela não tem uma ingerência na polícia local. É um trabalho sempre de apoio, de coordenação. E hoje possui 196 países, sendo um dos maiores organismos internacionais”, disse o novo secretário-geral da Interpol em entrevista à CNN. 

A eleição de Urquiza, primeira de um latino-americano para o cargo, simboliza também uma nova fase para a representação do chamado “sul global” na Interpol. Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, a presença de Urquiza na liderança do órgão facilita a colaboração entre os países e fortalece a posição do Brasil nas pautas de segurança internacional. “Urquiza entende a complexidade do crime organizado em nossa região, o que torna sua experiência inestimável para a segurança global”, afirmou Sarrubbo.

Secretário Nacional de Segurança Pública – Mário Sarrubbo

No Brasil muito pouco se conhece sobre o modo de operação da Interpol, se você quiser conhecer em detalhes como funciona a instituição, quais suas atribuições e limitações confira a entrevista abaixo com Michelle Estlund, advogada especialista em casos que envolvem a pessoas que estão no alerta vermelho da Interpol. realizada pelo jornalista Paulo Figueiredo.

Com informações da Gazeta do Povo e do UOL Notícias.