O clássico de George Orwell 1984 é a mais realista e perturbadora profecia sobre os desejos mais sombrios e intensos nos corações dos tiranos coletivistas. Impactado pelos desdobramentos da revolução Russa e pelo terror nazista o outro nos faz imaginar o que acontecera caso os tiranos da primeira metade do século XX tivessem sucesso total em suas empreitadas. O resultado é uma sociedade distópica de proporções planetárias, que finalmente consegue implementar sua justiça social, igualando todos os homens na miséria e mantendo o controle das massas através do controle do pensamento.

Através de um sistema eletrônico de vigilância da população um governo despótico liderado por um líder mitológico, o Grande Irmão, controla e dirige a vida de toda a população. Mas o objetivo final não é o controle do comportamento, é o refinamento das estruturas de opressão de forma a conseguir dirigir o pensamento e as consciências dos cidadãos. Para obter esses objetivos o governo tirânico da Oceania, onde vive Winston, protagonista da trama, desenvolve um colosso burocrático que atua distorcendo a realidade, vaporizando opositores e destruindo os valores mais importantes para a espécie humana.

Dentro de cada casa, comércio ou órgão público havia uma Teletela, um equipamento que servia para a divulgação da propaganda estatal e para o entretenimento da população, mas que ao mesmo tempo controla todos os movimentos e palavras da maioria esmagadora da população. Através dela o governo podia vigiar as pessoas mesmo dentro de suas casas, em seus momentos íntimos, uma desconstrução completa da privacidade.

Os slogans principais do sistema dão uma ideia clara de como o governo tenta infligir ao povo uma nova forma de pensar: Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força. Entretanto, para a subversão do pensamento, e das consciências, é preciso mais do que propaganda e ideologia é fundamental alterar a linguagem. Assim, cria-se a Novilíngua, um idioma desenvolvido artificialmente pelos burocratas que se destinava a alterar o modo de pensar das pessoas, de “todes”, qualquer semelhança é mera coincidência. Tudo conectado com uma nova dialética, o duplopensar, onde uma ideia ou conceito poderia significar, ao mesmo tempo duas coisas diametralmente opostas.

A organização do governo do Grande Irmão era uma expressão do conceito do duplopensar eram três ministérios. O Ministério da Verdade, que se ocupava de corrigir notícias, livros e registros oficiais publicados no passado que não se adequavam mais as novas diretrizes do partido. O Ministério da Paz, responsável pela guerra. E o Ministério da Fartura, que administrava a fome da nação.

A esperança de liberdade acende-se no coração de Winston quando ele se apaixona por Júlia, ambos funcionários de segunda classe do Ministério da Verdade. Acreditavam que o amor seria o único laço de afeto que poderia resistir ás manipulações do Grande Irmão, o único remédio para se manter a sanidade diante do controle perpetuo do Estado. Mas para saber como acaba essa história é imprescindível a leitura do livro.

O livro 1984 é um atual retrato de como a tecnologia pode se tornar uma ferramenta eficaz para o controle das pessoas, mesmo tendo sido escrito em 1949, é um alerta de como a liberdade pode ser facilmente destruída em nome do bem comum resultando, inevitavelmente, na tirania e na miséria. Sem dúvidas promovendo igualdade, todos miseráveis sob a mesma opressão e tirania.