POR: Luiz Fernando Ramos Aguiar (Major Aguiar)

Quando o STF fechou o Terça Livre ninguém achou relevante. Eram os radicais de direita, falavam palavrões e não respeitavam os ícones da imprensa. Nem mesmo a demissão de seus 70 colaboradores foi suficiente para provocar reações do governo ou comoção na imprensa.
Quando os inquéritos do “gabinete do ódio” e das “Fake News” violaram a privacidade e a liberdade de dezenas de jornalistas, influenciadores, lideranças e políticos. As pessoas deram de ombros, afinal eram radicais, fascistas, talvez até criminosos. Mesmo que após anos de investigações nenhuma evidência tenha surgido contra os investigados.
Pessoas como Oswaldo Eustáquio, Sara Winter, Daniel Silveira, Roberto Jefferson e Zé Trovão foram presos e humilhados. Tolhidos das garantias constitucionais mais fundamentais, como presunção da inocência e do direito ao devido processo legal. Estes fatos também não foram suficientes para despertar a indignação e a revolta daqueles que deveriam ser os guardiões da nossa democracia. Parlamentares, militares, líderes do executivo, e membros do judiciário preferiram a conivência e a indiferença. Fingiram que tudo estava normal, mesmo que todos os fatos e evidências apontassem o rompimento violento, não apenas de nossa constituição, mas dos princípios fundamentais dos direitos humanos.
Quando o jornalista Allan dos Santos foi obrigado a exilar-se nos Estados Unidos, para não ser preso pelo exercício de sua profissão, a imprensa velha não contentou-se com o silêncio e partiu para o ataque. Promoveu seu linchamento público, distorceu os fatos e aplaudiu a censura, quando todas as redes sociais dele foram apagadas. Talvez porque o esforço de Allan, e do pessoal do Terça Livre, conseguissem ter mais influência sobre a opinião pública e a classe política do que todo o consórcio da velha mídia. No afã de destruir o concorrente, o “jornalismo profissional”, virou as costas para o valor mais fundamental da profissão, a liberdade de expressão.
Mas o apetite dos ditadores é sempre insaciável e a sombra do autoritarismo começa a alcançar veículos que, até pouco tempo, eram considerados blindados aos assombros supremos. Seja pela reputação de seus jornalistas e comentaristas, como é o caso da Jovem Pan. Ou pela excelência e equilíbrio de suas produções, quando se fala da Brasil Paralelo. Todas as barreiras foram rompidas, a frágil democracia brasileira está à beira do precipício.
Enquanto as supremas decisões proíbem qualquer referência pejorativa ao candidato da esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo que as informações sejam verdadeiras e comprovadas. Tudo em nome de impedir uma inovadora figura jurídica, a desordem informacional, seja lá o que isso for. Em contraponto, qualquer acusação, mentira, difamação ou ataque contra o candidato, e atual presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, é celebrado como um símbolo da efervescência da nossa democracia.
Em um país onde jornalistas renomados, políticos e até mesmo o presidente da república não conseguem ter garantidos seus direitos fundamentais, possivelmente, os deste escritor também serão ignorados. Mas não é possível que todos permaneçam calados e dóceis diante do patíbulo. Caso sejamos derrotados que seja com luta, não como ovelhas a caminho do matadouro.
O golpe já está em curso, as quatro linhas da constituição foram violadas e a ordem institucional irreversivelmente rompida. Ignorar esses fatos é sentar-se sobre uma bomba prestes a explodir, fechar os olhos e esperar que o problema desapareça.
