POR: Luiz Fernando Ramos Aguiar (Major Aguiar)

Ao defender a necessidade de um “terrorista sutil” o colunista do Uol, Julián Fuks, revela a mentalidade distorcida e perversa da esquerda que, demoniza qualquer ideia ou pensamento discordante, com disposição para aplaudir os atos mais covardes e violentos contra seus opositores. Nem mesmo o imperador do Brasil, falecido a mais de dois séculos, escapa do apetite destrutivo dos progressistas. Para a esquerda brasileira é imperioso o estabelecimento hegemônico de suas narrativas, ainda que o preço ser pago seja a destruição de qualquer símbolo que remeta ao ideário conservador, ainda que isso signifique apagar parte da história nacional. Afinal de contas, esses conservadores não são monstros, demônios o próprio mal encarnado, e na cruzada contra o obscurantismo nem o terrorismo pode ser descartado.

Pode-se dizer que em sua coluna Julián Fuks (ou Fuck´s) utilizou uma figura de linguagem quando clamou pela ação de um terrorista, o problema é que a própria definição do termo impede que uma interpretação amena seja feita quando se trata do tema. A lei nº 13.260 de 2016, regulamenta o inciso XLIII da Constituição Federal definindo o que é terrorismo para a legislação brasileira:

Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.

§ 1º São atos de terrorismo:

I – usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa;

II – (VETADO);

III – (VETADO);

IV – sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;

V – atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:

A lei trata das motivações dos atos terroristas, antes mesmo de tipificar seus atos, o que já evidencia a contradição patente na opinião do colonista. Já que seria muito difícil encontrar um terrorista que não seja intolerante, truculento ou com aversão a dor alheia, já que as motivações do terrorismo são a xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião. Como para a caracterização do ato é fundamental que o autor busque provocar o terror social ou generalizado expondo ao perigo pessoas, propriedades públicas ou privadas e a própria paz social, fica difícil acreditar na doçura alardeada na construção terrorista herói de Fuks. Temos apenas duas opções ou o colunista rompeu com a realidade, acreditando em uma espécie de bola quadrada, ou ele não considera seus opositores como seres humanos, o que justificaria os atos de seu doce terrorista.

Mas a injustiça suprema é direcionada ao imperador Pedro I, que terá seu coração exposto em Brasília durante as comemorações da independência, ao caracterizar como pútrido o órgão do monarca o “escriba”, como se autointitula, desconsidera toda a oposição que a família real brasileira sempre manifestou à escravidão. Talvez por ignorância criminosa, uma vez que é inaceitável que alguém que escreva sobre o tema desconheça os principais fatos relacionados e ele, ou apenas pelo sórdido prazer do exercício de sua mentalidade revolucionária, o autor atente contra o homem que promoveu a unificação do país e nos garantiu a nação.

O imperador Pedro I foi um dos primeiros brasileiros a escrever contra a escravidão tendo escrito, em 1822, sobre a questão da suposta inferioridade dos negros, que justificaria a escravidão, a celebre frase: “Eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros”1. A frase do monarca contrariava não apenas os aristocratas e produtores rurais, uma vez que era comum que até as pessoas mais humildes tivessem em suas residências escravos.

Mas a luta abolicionista da família real se intensificaria no segundo reinado. Em 1848 D. Pedro II tentou aprovar a abolição da escravatura junto ao parlamento, uma vez que o Brasil era uma Monarquia Constitucional Parlamentarista, ou seja, o imperador não decidia sozinho precisava da aprovação do parlamento para aprovar leis. A difamada princesa Isabel causava escândalo com seu costume de receber amigos negros em seu palácio nas Laranjeiras. Na casa de veraneio em Petrópolis a princesa ajudou a esconder escravos e arrecadava dinheiro para comprar suas cartas de alforria. 2

Tenho certeza que nosso dileto colunista do Uol, por seu posicionamento progressista, deve ser um defensor do sistema de cotas. Talvez ele fique muito impressionado ao descobrir que Pedro II criou uma cota para que escravos libertos pudessem ingressar no Colégio Pedro II e nas Faculdades da época. Como o projeto não foi aprovado pelo parlamento, o imperador, usou seus próprios recursos financeiros para garantir essas cotas3. O resultado foi que de 1872 a 1889 centenas de ex-escravos formaram-se médicos, advogados e engenheiros.

Ao contrário do que prega em seu artigo a família real nunca foi composta por obscurantistas ou escravocratas. Mas eram ferrenhos defensores das liberdades, democratas e, acima de tudo, patriotas. Mas para as pessoas comprometidas com o ideário revolucionário nenhuma figura histórica, que possa dar um sentido de grandeza ao país, pode ser reconhecido. Para essa raça é fundamental que todo sentido de unidade nacional seja reduzido a trivialidades como carnaval e futebol. Um povo sem um mito unificador, sem pais fundadores acaba perdendo o sentido de nação. É um povo que não tem elementos nacionais de convergência e reconhecimento de nacionalidade, tornando-se vulnerável a qualquer doutrina que prometa um “mundo melhor”, mágico e maravilhoso. Ainda que seja obtido pelos mais condenáveis métodos.

Em tempos de acusações, processos e prisões por ataques à democracia, ao estado de direito e as instituições, a conclamação de um terrorista deveria ser um sinal evidente de ameaça. Mas como a restrição ao livre discurso é seletiva, em razão de quem se fala e não do que se diz, Fuks está livre para propagar qualquer barbaridade. Sempre chancelado pela subserviência covarde de seu gigantesco portal de notícias, a qualquer decisão, dos iluminados editores da pátria e dos monarcas do esquerdismo tupiniquim. O que esse tipo de intelectual orgânico esquece é que, ao defender a servidão das ideias aos tiranos da ideologia, ele mesmo corre o risco de torna-se um escravo.

REFERÊNCIAS

1https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/o-panfletario-pedro-i/

2https://www.ambientelegal.com.br/a-familia-real-e-a-abolicao/

3https://www.ambientelegal.com.br/a-familia-real-e-a-abolicao/