Antes de iniciar este texto preciso confessar uma coisa, durante os últimos tempos andei meio distante do alvo. Não posso negar. Minha vida estava preenchida de diversos projetos, nas mais diferentes áreas, até com política me envolvi. E o resultado é aquele que a bíblia ensina, a morte. Por que o pecado nada mais é do que errar o alvo. Não é que o envolvimento em projetos seculares seja ruim em si, o problema é quando depositamos nossas esperanças e investimos todo nosso tempo nisso, e acabamos construindo um “tesouro” no lugar errado e vocês sabem: Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. (Mateus 6:21)
Neste caminho abri concessões e deixei o padrão de vida cristão decair, afinal, são usos e costumes, na Europa a igreja é diferente, o problema é que a igreja é muito puritana… Um blá, blá, blá sem fim. Desculpas que acumuladas para justificar erros e continuar no pecado, errando o alvo.
O problema com nossas atitudes é que elas são como sementes e, em geral, toda semente dá frutos. E nos temos sempre duas opções plantar sementes boas ou sementes ruins, pois, infelizmente, não existem sementes neutras. Outro problema com sementes é que o plantio de qualquer semente é opcional, entretanto a colheita é sempre obrigatória. Não há como escapar. E isso não é um aspecto cruel da manifestação de Deus, pelo contrário, é o resultado do exercício do nosso “livre arbítrio”. Mesmo depois de arrependidos de nossos pecados, depois de confessados e perdoados, ainda assim a colheita virá. E digo isso pois, para mim, este é um momento de colher os frutos ruins da minha semeadura.
Um dos grandes desafios na semeadura é construir um padrão de comportamento natural de acordo com a palavra de Deus, principalmente em nossa geração, onde todas as tradições e regras que, de alguma maneira nos protegiam, foram quebradas e dificilmente estão incorporadas aos nossos hábitos. Mas não é um problema exclusivo dos cristãos contemporâneos, nos tempos dos evangelhos, Paulo já alertava aos fiéis em Roma para não estabelecerem suas vidas de acordo com os padrões daquele tempo: E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2)
Não se conformar a este mundo, ou seja, não tomar a sua forma. E aqui defenderei a interpretação mais tradicional e ortodoxa deste texto, nos, Cristãos precisamos ser diferentes. Em tudo, no muito e no pouco.
Muitas das tradições evangélicas, usos e costumes, foram adotados pelos primeiros missionários não apenas como replicação do que faziam em seus países. Mas fruto da experiência diária, do confronto do evangelho de Cristo com a alma do nosso país. Claro que existiram, e ainda existem, exageros. Contudo, não podemos abrir mão de quem nos somos, das nossas origens, sob o risco de nos perdermos completamente na caminhada.
O que tenho notado é que no meio da caminhada, depois de estudar muito a bíblia, as culturas de outras regiões e denominações alguns crentes, antes fiéis, começam a fazer concessões, dar brechas e oportunidades para o mal entrar em suas vidas. A verdade é que as coisas começam a ir bem demais e parece que podemos ir um pouco mais longe, chegar mais na beirada do abismo, brincamos com o pecado. Por isso a bíblia é enfática quando diz: Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia! (1 Coríntios 10:12)
Estes passam a ser os “crentes descolados”: defendem teologias modernas e sabem tudo da bíblia; acham que não tem problema frequentar shows seculares, muitos são ardentes fãs da MPB e da moda rastafári; uma bebidinha, qual o problema? Jesus também bebia; ir à igreja já não é uma prioridade, afinal podemos ter comunhão em qualquer lugar; discordar das pessoas por questões religiosas, jamais; sempre contemporizando, sempre abrindo mão; dia a dia tornando a porta do evangelho mais larga. Em pouco tempo já não conseguimos diferenciar um destes irmãos de qualquer pessoa que jamais tenha tido uma experiência com Deus. Tomando a forma deste mundo.
Fundamental é termos em mente a advertência dada pelo próprio Cristo: e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. (Mateus 7:14)
Meu amigo, se o negócio está ficando muito fácil, então estamos com problemas. Uma outra advertência, dada por Charles Spurgeon, também nos leva a refletir sobre nosso comportamento diante da sociedade: “Os cristãos estão em perigo não quando estão sendo perseguidos pelo mundo, mas quando estão sendo admirados”.
E como eu sei tanto sobre isso? É fácil, havia me tornado um destes. Cheio de justificativas, teologias e argumentos. Mas na verdade apenas pegando um atalho, me desviando do conflito com familiares, amigos e irmãos em Cristo. Escancarando uma brecha para a atuação do inimigo em diversas áreas da minha vida. E tudo isso porque meu tesouro estava no lugar errado e, consequentemente, meu coração. O arrependimento veio, o perdão também, mas ainda é preciso colher os frutos das sementes ruins. E este processo pode ser muito doloroso.
Estou escrevendo para incentivar aqueles que estejam em situação semelhante a mudar de vida. Voltar a buscar a pureza do evangelho e deixar de se conformar com este mundo. Buscar a Deus da forma mais adequada para sua vida, orar, louvar e ler a palavra com a liberdade que o Senhor nos concede. Ainda mais, congregar e buscar os conselhos de pessoas idôneas, que podem ser localizadas pelos frutos de sua vida, pelo amor sincero e pela dedicação à palavra da salvação. Mas principalmente movimentar sua vida pelo desejo genuíno de agradar a Deus. Encarar de frente a colheita ruim e desesperadamente começar uma nova semeadura, para que uma nova colheita possa vir em breve.
E ainda que a destruição tenha sido grande demais lembra-se das promessas do senhor:
A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos. (Ageu 2:9)

